No aniversário de quatro anos desde a classificação da COVID-19 como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde do Brasil anunciou, nesta segunda-feira (11), a criação de um memorial dedicado às vítimas da doença, que ceifou a vida de 710 mil brasileiros. O Centro Cultural do Ministério da Saúde, localizado no Rio de Janeiro, foi escolhido como o local para abrigar este tributo significativo.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao participar da abertura do Seminário para Concepção e Criação do Memorial da Pandemia da COVID-19, enfatizou a importância de se criar uma política de memória para não limitar a pandemia ao passado, destacando o componente presente e político das ações de memória. Ela ressaltou que, embora a emergência sanitária tenha sido superada, a COVID-19 permanece como um desafio contínuo de saúde pública.
Trindade também mencionou os esforços da OMS na discussão de um instrumento para enfrentar emergências e pandemias, visando evitar cenários como os vivenciados em junho de 2021, quando a vacina estava disponível, mas a desigualdade na distribuição limitava o acesso a apenas 10% dos países.
A representante da Rede Nacional das Entidades de Familiares e Vítimas da COVID, Rosângela Dornelles, enfatizou as marcas profundas deixadas pela pandemia, agravadas pela desresponsabilização do Estado, desmonte de serviços públicos e negacionismo. Ela sublinhou a importância de redimensionar o Sistema Único de Saúde (SUS) e enfrentar desafios como represamento assistencial, desigualdades sociais e crises climáticas.
A iniciativa do memorial não apenas honra as vítimas, mas também destaca a necessidade de fortalecer o sistema de saúde para enfrentar futuras pandemias, promovendo uma reflexão sobre o que se espera para a saúde, o Brasil, a democracia e o mundo.