“Furacão” é uma criação do Amok Teatro baseada na obra homônima do premiado escritor francês Laurent Gaudé. Ao apresentar personagens da comunidade negra dos bairros pobres de Nova Orleans diante da violência do furacão Katrina, que devastou o sul dos Estados Unidos, em 2005, a obra de Gaudé mergulha nos corações e mentes dos sobreviventes do Katrina. Com um discurso arrebatador, marcado tanto pela tragédia clássica como pela música popular do sul dos EUA, a narrativa do espetáculo alcança questões complexas no que diz respeito à ética, revelando que os mais pobres foram os únicos a ficarem para trás depois do alerta de tempestade. Dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt, que também assinam a adaptação do texto de Laurent Gaudé, um elenco composto pelas atrizes Sirlea Aleixo e Taty Aleixo, e pelos músicos Anderson Ribeiro e Rudá Brauns, “Furacão” estreia nacionalmente na noite de 3 de agosto, quinta-feira, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, com apresentações de quarta à sábado, às 20h, e domingos às 19h. Após a temporada de estreia, em setembro o espetáculo circula pela Zona Norte da Cidade.
O espetáculo coloca em cena uma poderosa personagem feminina – uma espécie de griot americana – trazendo um tema urgente: a situação dos excluídos diante das catástrofes climáticas que devastam o planeta. No coração da tempestade, Joséphine Linc Steelson, “uma velha negra de quase cem anos” enfrenta a fúria da natureza. Uma mulher marcada pela segregação racial. Uma voz que ecoa como um grito na cidade inundada e abandonada à própria sorte. A trama segue a trajetória desta mulher cuja história poderia ser também a história de tantas mulheres brasileiras.
A peça fala sobre o Katrina, sobre suas vítimas e sobre os que sobreviveram, mas fala sobretudo sobre o peso da desigualdade em momentos de tragédia. Uma narrativa que mistura a gravidade do trágico com a doçura da fábula, para exaltar a beleza comovente daqueles que, apesar de tudo, permanecem de pé.
“Furacão” foi realizado através do Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA II da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ) e da Secretaria Municipal de Cultura, celebrando 25 anos de formação do Amok Teatro.
Em “Furacão” o teatro e a música se juntam num ato único
Com uma linguagem cênica híbrida, o “Furacão” apoia-se tanto no teatro como na música para instaurar a cena ritual e cerimonial – que caracteriza os trabalhos do Amok – onde contemporaneidade e ancestralidade dialogam para trazer uma África em diáspora: a comunidade negra do Sul dos EUA. Transitando entre a palavra e o canto, a música tem um enorme destaque na narrativa. A riquíssima cultura musical negra estadunidense (em particular, o blues) é a referência para uma trilha musical, mesclando diferentes instrumentos, sem perder de vista a sua função dramatúrgica.
Com direção musical de Stephane Brodt, as músicas são tocadas ao vivo pelos músicos Rudá Brauns e Anderson Ribeiro, acompanhados de Taty Aleixo no vocal. Além de assinarem a criação e produção musical, eles tocam também versões próprias de clássicos como Pussycat Moan, de Katie Webster; O Death, de Ralph Stanley; Hard Times Killing Floor Blues, de Chris Thomas King; e Strange Fruit, de Abel Meeropol. A partir da segunda quinzena de setembro, a trilha sonora do espetáculo vai estar disponível nas principais plataformas musicais de streaming.
Palavra, canto e música como elementos uníssonos da narrativa em uma zona de resistência, celebrando a cultura negra norte-americana e provocando uma reflexão emocionante sobre o nosso tempo. “O que resta de um ser humano quando todas as referências sociais e morais se dissolvem no caos e no medo?”
Para o público melhor experienciar essa narrativa em zona de resistência, a ambientação cênica de “Furacão” é inspirada no Preservation Hall Jazz Band, uma pequena casa de jazz em Nova Orleans que apresenta shows intimistas e acústicos da banda com o mesmo nome, local onde a diretora Ana Teixeira esteve repetidas vezes.
“Furacão” nasce e se nutre de dois projetos da trajetória recente do Amok Teatro, o ciclo da África com Salina – A Última Vértebra (2015) e Os Cadernos de Kindzu (2018), e o ciclo das mulheres com Jogo de Damas (2019) e Bordados (2023), assim como dialoga com alguns outros grandes problemas do mundo na atualidade. “O teatro como o lugar da experiência do outro”, nos revela os diretores.
Intercâmbio entre artistas
O intercâmbio entre artistas, formação e ações educativas são uma prática fundamental do Amok Teatro para gerar uma cultura viva e por isso o projeto “Furacão” realiza oficinas gratuitas dirigidas a profissionais, estudantes e coletivos teatrais, promovendo uma dimensão do teatro que não se limita à produção de espetáculos. Serão oferecidas 3 oficinas gratuitas ministradas pelos diretores Ana Teixeira e Stephane Brod (leia locais, dias e horários, no serviço). O compartilhamento da experiência artística-pedagógica é uma aposta na formação do artista da cena, abrindo um caminho para que ele possa enriquecer seu potencial criativo, renovar processos de trabalho, interrogar sobre as modalidades de conduta, rever seus próprios meios e melhor se situar em relação às questões da criação contemporânea.
Amok Teatro: 25 anos de trajetória consistente
O Amok Teatro é um grupo fortemente representativo do teatro de pesquisa carioca e vem construindo há 25 anos uma trajetória consistente. Seu trabalho se caracteriza pela dedicação a um processo contínuo de pesquisa sobre a arte do ator e sobre as linguagens da cena. Dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt, desde sua fundação, em 1998, o grupo tem recebido grande reconhecimento da crítica e do público, diversos prêmios do teatro, sendo considerada uma das companhias de maior prestígio da cena carioca contemporânea e com grande reconhecimento internacional. Em 2023, o Amok Teatro comemora 25 anos de trajetória. Seu propósito norteador de trabalho é pela busca de um rigor formal e por uma intensidade que se afirma no corpo do ator, como sendo o lugar em que o teatro acontece. Cada novo projeto impulsiona o grupo a procurar diferentes caminhos de pesquisa cênica e de treinamento para o ator a partir do diálogo com diferentes tradições e culturas. Os espetáculos do Amok tratam de temas contemporâneos, questões fundamentais de nossa época, sem perder de vista a busca de uma linguagem poética e a afirmação da cena como um espaço cerimonial. Para conhecer mais: https://www.amokteatro.com.br
Serviço
Temporada de estreia do espetáculo “Furacão”
Estreia nacional: 3 de agosto, quinta-feira, às 20h.
Temporada: 03 a 27 de agosto de 2023.
Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto
Endereço: Rua Humaitá, 163, Humaitá, Rio de Janeiro
Telefone para informações: 21 2535-3846
Dias e horários: de quarta a sábado, às 20h, e domingos, às 19h.
Sessão extra: Dia 5 de agosto, sábado, às 17h.
Ingressos: R$30 e R$15
Duração: 70 minutos
Classificação: 12 anos
Circulação com apresentações de “Furacão” e oficinas de “Treinamento Improvisação”
Dia 8 de setembro, sexta-feira
Local: Arena Carioca Fernando Torres
Endereço: Rua Bernardino de Andrade, 200, Madureira, Rio de Janeiro
Telefone para informações: 21 3496-0372
Apresentação do espetáculo “Furacão”, às 18h.
Com debate após a apresentação.
Programação gratuita.
Dia 10 de setembro, domingo
Local: Arena Carioca Dicró
Endereço: Rua Flora Lôbo, s/nº, Penha Circular – Parque Ari Barroso – Rio de Janeiro
Telefone para informações: 21 3486-7643
Apresentação do espetáculo “Furacão”, às 18h
Oficina “Treinamento Improvisação”, das 14h as 18h.
Programação gratuita.
Dia 11 de setembro, segunda-feira
Local: Museu da Maré
Endereço: Av. Guilherme Maxwel, 26, Maré, Rio de Janeiro
Telefone para informações: 21 3868-6748
Apresentação do espetáculo “Furacão”, às 19h.
Oficina “Treinamento Improvisação”, das 14h as 18h.
Programação gratuita.
18 a 22 de setembro, segunda à sexta
Local: Casa do Amok Teatro
Endereço: Rua das Palmeiras, 96, Botafogo, Rio de Janeiro
Telefone para informações: 21 2543-4111
Oficina “Treinamento Improvisação”, das 9h30 as 12h30
Programação gratuita.