A Organização das Nações Unidas (ONU) expressou grave preocupação com o aumento da violência contra trabalhadores humanitários, relatando que 280 deles foram mortos em 2023, um recorde histórico. O impacto dos conflitos, especialmente a guerra em Gaza, contribuiu significativamente para esse número alarmante, que ainda pode ser superado até o final do ano.
Joyce Msuya, chefe interina do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), condenou essa escalada de violência e a falta de responsabilização dos agressores, ressaltando o perigo que isso representa para as operações humanitárias globais. “A normalização da violência contra esses profissionais é inaceitável e extremamente perigosa”, afirmou em comunicado divulgado no Dia Mundial da Ajuda Humanitária.
Em 2023, o número de mortes de trabalhadores humanitários aumentou 137% em comparação com 2022, de acordo com o banco de dados Aid Worker Security Database. O conflito em Gaza foi o mais letal, responsável por mais da metade das mortes. Outros países com altos índices de fatalidades incluem Sudão do Sul, Sudão, Israel, Síria, Etiópia e Ucrânia.
Apesar de 2023 já ser considerado o ano mais mortífero para a comunidade humanitária, a ONU alerta que 2024 pode ter números ainda mais trágicos. Até 9 de agosto de 2024, 176 trabalhadores humanitários já haviam perdido suas vidas, com a maioria das mortes ocorrendo nos territórios palestinos.
No contexto desse aumento de violência, líderes de várias organizações humanitárias enviaram uma carta aos Estados-membros da ONU, pedindo o fim dos ataques contra civis e a proteção dos trabalhadores humanitários. A campanha #ActforHumanity foi lançada nas redes sociais para mobilizar o público em apoio a essa causa.
O Dia Mundial da Ajuda Humanitária, celebrado em 19 de agosto, marca o aniversário do ataque à sede da ONU em Bagdá, Iraque, em 2003, que resultou na morte de 22 pessoas, incluindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Embora o número de mortes tenha aumentado, o número de sequestros de trabalhadores humanitários diminuiu em 2023, com 91 casos registrados, o menor número nos últimos cinco anos.