Autor de “Maquinação do Mundo: Drummond e a Mineração” – uma das pesquisas mais importantes sobre o poeta mineiro, que cresceu entre a vida no interior e a vontade de se aventurar pelo mundo cosmopolita –, o músico, compositor e ensaísta José Miguel Wisnik estará na conferência de abertura do festival Paixão de Ler, que vai homenagear Carlos Drummond de Andrade e sua relação com o meio ambiente. Wisnik recebe o escritor, ambientalista e líder indígena Ailton Krenak, autor do best-seller “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, numa conversa inédita mediada pelo pesquisador, ensaísta e professor Frederico Coelho (PUC-Rio).
Por iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura do Rio, o encontro gratuito e aberto ao público em geral acontece na areia da Praia de Ipanema (altura do posto 10), no dia 07/10, sexta-feira, às 18h.
No sábado (08/10), o Paixão de Ler se muda para o Circo Crescer e Viver (Praça Onze), único circo no Brasil que conta com energia sustentável, de fonte solar. O espaço abriga dez atrações gratuitas até o dia 14. Ainda no sábado (8), Madureira, bairro da zona Norte do Rio, entra no circuito, com Ailton Krenak batendo um papo com artistas, produtores e agentes culturais locais, na Arena Carioca Fernando Torres (Parque Madureira, portão 4). Informações e a programação no Instagram @cultura_rio.
Ao longo do festival, mais autores participarão de lançamentos e conversas e mais artistas se apresentarão. Uma oficina ministrada por Eduardo Coelho, às 10h do sábado (8), aguarda centenas de professores. O professor da Faculdade de Letras da UFRJ e pesquisador do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) utiliza Drummond em sala de aula, como especialista em circulação da poesia brasileira modernista.
Também no dia 8, José Miguel Wisnik leciona uma aula espetáculo sobre a obra de Drummond e seu olhar atento para questões ambientais, acompanhado de um piano. O poeta mineiro foi um ativista ambiental importante para sua época e estaria completando 120 anos em 2022.
“Drummond é o grande poeta brasileiro com íntima relação com o meio ambiente e a mineração, tão fundamental e crucial hoje”, diz Wisnik, que fez uma viagem a Itabira, o que lhe rendeu pesquisa para seu livro sobre Drummond – “Maquinação do Mundo” (2018).
De segunda a sexta-feira de manhã, o Circo Crescer e Viver recebe uma oficina sobre literatura e meio ambiente com escolas já cadastradas, ministrada pelo rapper Thiago SKP, de Itabira, cidade de Drummond.
Quarta (12/10), na Sala Baden Powell, em Copacabana, o Paixão de Ler leva importantes lançamentos de livros sobre direitos bio cósmicos, reunindo cinco autores negros. O espaço cultural vai estrear, na mesma semana, uma sala de leitura, com empréstimo de livros a moradores da região.
Outro destaque da programação na Baden, a editora Record – que celebra 80 anos de sua trajetória dedicada à difusão da literatura brasileira e ao incentivo ao hábito de ler -, participa do evento também no dia 10, às 19h, com a presidente do Grupo Editorial Record, Sonia Jardim, falando sobre a evolução do mercado editorial e do ofício do editor ao longo das últimas oito décadas; o funcionamento de uma editora nos dias de hoje e o papel que as editoras desempenham na construção de uma sociedade menos desigual.
Por fim, na sexta (14/10), haverá um sarau de encerramento, marcado para as 18h, reunindo diversas apresentações. A capacidade no Circo Crescer e Viver é para cerca de 200 pessoas.
Atualização do acervo das bibliotecas
De olho na edição 2022 do festival Paixão de Ler, a Secretaria Municipal de Cultura vem atualizando o acervo geral das 12 bibliotecas municipais – além da nova sala de leitura Maria Firmina dos Reis, que recebe o nome da primeira mulher romancista brasileira – visando contemplar a diversidade literária do país.
“Na seleção dos títulos assumimos um olhar atento com o objetivo de incorporar obras de autores/as negros(as), que ainda são pouco conhecidos(as) e apresentados nas escolas, nos espaços de leitura e de aquisição de conhecimentos”, informa Sinara Rúbia, gerente de Livro e Leitura da Secretaria Municipal de Cultura.
Segundo ela, são menos de 2% do acervo total desses equipamentos são de autoria negra, “o que afirma o histórico de desigualdade racial oriunda do racismo estrutural em nossa sociedade”.
As bibliotecas municipais estarão de portas abertas para receber o público durante a semana do festival e as atividades culturais em cada uma, que foram selecionadas por um edital destinado a artistas cariocas, serão divulgadas em breve.