Famílias que vivem da pesca artesanal na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, estão enfrentando uma grave crise econômica devido às inundações que devastaram a região. Na Colônia Z3, comunidade de pescadores na zona rural de Pelotas, cerca de 4 mil pessoas foram atingidas pelas enchentes, que encobriram casas, peixarias e destruíram equipamentos essenciais para o trabalho.
Com metade da população deslocada para a casa de parentes ou abrigos, muitos pescadores estão apreensivos com o futuro. Nilmar Conceição, presidente do Sindicato dos Pescadores da Colônia Z3, ressalta que a pesca não será retomada antes de outubro, devido ao período de defeso. Mesmo após o retorno, a lagoa não estará recuperada, prolongando a crise.
A cheia trouxe uma preocupação adicional: a suspensão de sedimentos na lagoa. Cientistas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) observaram uma mancha de sedimentos se espalhando pela lagoa e desaguando no oceano, situação inédita em escala e gravidade. O canal São Gonçalo, que liga a Lagoa dos Patos à Lagoa Mirim, também é uma área crítica, com a Defesa Civil reforçando o dique para proteger cinco bairros em Pelotas.
Além da Colônia Z3, outros bairros próximos da lagoa, como Laranjal e Balneário dos Prazeres, estão alagados, afetando milhares de moradores. A prefeitura de Pelotas informou que 665 pessoas estão em abrigos municipais, com 5 mil pessoas impactadas pelas enchentes. O município está cadastrando famílias para o Auxílio Reconstrução do governo federal, no valor de R$ 5,1 mil por família.