Uma pesquisa recente do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revelou que a preocupação dos brasileiros em fornecer dados biométricos, como impressões digitais e reconhecimento facial, continua alta, com 60% dos entrevistados expressando apreensão. O estudo também destacou que o número de empresas que armazenam esses dados cresceu de 24% em 2021 para 30% em 2023. Além disso, a coleta de dados de saúde por empresas também subiu, passando de 24% para 26% no mesmo período.
Os resultados fazem parte da segunda edição da pesquisa *Privacidade e Proteção de Dados Pessoais*, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O estudo foi baseado em entrevistas realizadas em 2023 com indivíduos, empresas e organizações públicas.
Outro dado significativo do levantamento é o aumento das empresas que realizaram adaptações contratuais para atender às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Entre 2021 e 2023, o percentual de pequenas empresas que fizeram essas alterações cresceu de 24% para 31%, enquanto nas grandes empresas o número subiu de 61% para 67%.
Os setores que mais implementaram mudanças contratuais devido à LGPD incluem construção, transporte, alojamento e alimentação, informação e comunicação, atividades profissionais e serviços. O gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, destacou os avanços na conformidade com a LGPD, mas observou que ainda há espaço para melhorias, especialmente entre pequenas e médias empresas.
Preocupação com Dados Biométricos
A pesquisa também revelou que a maior preocupação dos brasileiros em relação à privacidade está relacionada ao fornecimento de dados biométricos. Entre os usuários de internet com 16 anos ou mais, 32% se disseram “muito preocupados” e 28% “preocupados” ao serem solicitados a fornecer esses dados.
Os setores que mais geram apreensão entre os usuários incluem instituições financeiras, órgãos governamentais e transporte público, onde a maioria dos entrevistados expressou altos níveis de preocupação com o uso de biometria.
Barbosa enfatizou a necessidade de aprimorar as estratégias de proteção de dados pessoais e segurança da informação, especialmente à medida que o uso de tecnologias baseadas em reconhecimento facial e impressão digital se expande.
O estudo utilizou dados inéditos de pesquisas realizadas ao longo de 2023, envolvendo entrevistas com 2.618 pessoas, 2.075 empresas, 677 órgãos federais e estaduais, 4.265 prefeituras, 4.117 gestores de estabelecimentos de saúde e 3.004 gestores escolares em todo o Brasil.