Após dois anos e meio de investigações, a Polícia Federal (PF) concluiu na última sexta-feira (1º) o inquérito sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorrido em junho de 2022 em Atalaia do Norte, Amazonas. De acordo com o relatório final, foram confirmadas nove pessoas indiciadas, incluindo Ruben Dario da Silva Villar, apontado como mandante do crime, e outros suspeitos acusados de participar diretamente das execuções e da ocultação dos corpos.
O relatório da PF reitera que o crime foi motivado pelas atividades de fiscalização promovidas por Pereira na região, destinadas à preservação ambiental e à proteção dos direitos indígenas, o que gerou conflitos com grupos locais. “A vítima atuava em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos indígenas”, afirma a PF em nota oficial.
Detalhes da Investigação
Segundo o inquérito, o jornalista Dom Phillips, de 57 anos, viajou ao local para realizar entrevistas com líderes indígenas e comunidades ribeirinhas para um livro sobre a Amazônia. Phillips, colaborador de publicações internacionais como *The Guardian* e *The New York Times*, era fluente em português e já conhecia a região, mas foi acompanhado por Pereira, um indigenista de 41 anos, que atuava na ONG União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) após se licenciar da Funai.
A PF esclareceu que, mesmo afastado da Funai, Pereira continuava defendendo os interesses das comunidades locais, o que o levou a contrariar grupos que promovem atividades ilegais na região. “Ele auxiliava na implementação de projetos para proteger os territórios e os recursos naturais das comunidades tradicionais,” diz o relatório.
Desdobramentos e Procedimentos Futuros
O Ministério Público Federal (MPF) agora avaliará o inquérito, podendo arquivá-lo ou apresentar uma denúncia formal à Justiça Federal, convertendo os investigados em réus. Se confirmada, a acusação oficial transformará o caso em processo judicial. Em paralelo, a PF continua monitorando ameaças aos indígenas da região e investigando possíveis riscos à segurança de outras lideranças locais.
O caso segue como um dos exemplos mais emblemáticos de ameaças a defensores ambientais e indígenas na Amazônia, ressaltando a complexidade das tensões na região.