A Polícia Federal está cumprindo, nesta segunda-feira (29), novos mandados de busca e apreensão como parte da Operação Vigilância Aproximada, com o intuito de investigar o possível envolvimento do núcleo político no uso ilegal de informações obtidas através da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
De acordo com os investigadores, esta nova fase busca identificar os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas de forma ilegal por meio de ações clandestinas da agência. Oito mandados de busca e apreensão estão sendo executados, sendo cinco no Rio de Janeiro e três em Brasília, Formosa (GO) e Salvador (BA).
A Operação Vigilância Aproximada foi iniciada na quinta-feira (25) com o objetivo de investigar uma organização criminosa que operava dentro da Abin. Suspeita-se que, nessas atividades, foram utilizadas técnicas de investigação semelhantes às das polícias judiciárias, porém sem qualquer controle judicial ou do Ministério Público.
Na semana passada, a investigação teve como alvo o ex-diretor da Abin e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), nomeado diretor-geral da agência em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e exonerado em março de 2022 durante o governo Lula.
O uso ilegal da Abin envolvia o monitoramento ilícito de autoridades públicas e outras pessoas, utilizando ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem autorização judicial, como a ferramenta First Mile. Essa prática já havia sido denunciada à Anatel por operadoras de telefonia.
Esta operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, iniciada em outubro do ano passado, que apontou para a existência de uma estrutura paralela na Abin, utilizada para produzir informações para fins políticos e midiáticos, além de interferir em investigações da Polícia Federal.
Os investigados podem responder por crimes como invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações sem autorização judicial.