A economia brasileira avançou 0,9% no terceiro trimestre de 2024 em comparação com o trimestre anterior, marcando o 13º crescimento consecutivo do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (3). No acumulado de quatro trimestres, o crescimento totaliza 3,1%, com o PIB atingindo R$ 3 trilhões em valores correntes.
Na comparação anual, frente ao terceiro trimestre de 2023, o PIB registrou alta de 4%, impulsionado principalmente pelos setores de serviços e indústria. Por outro lado, a agropecuária apresentou desempenho negativo.
Setores em destaque
O setor de serviços, que responde pela maior parcela do PIB, cresceu 0,9% no trimestre, com destaque para as áreas de informação e comunicação (+2,1%) e outras atividades de serviços (+1,7%). O comércio avançou 0,8%, e atividades financeiras, imobiliárias e de transporte também contribuíram positivamente.
Na indústria, o avanço foi de 0,6%, puxado pelas indústrias de transformação, que registraram alta de 1,3%. Entretanto, setores como construção (-1,7%) e eletricidade, gás e saneamento (-1,4%) apresentaram quedas.
A agropecuária recuou 0,9%, impactada por fatores climáticos que afetaram culturas importantes, como milho (-11,9%) e laranja (-14,9%), apesar do bom desempenho de produtos como algodão (+14,5%) e trigo (+5,3%).
Consumo e investimentos em alta
O consumo das famílias avançou 1,5% no terceiro trimestre, impulsionado pelo aumento da massa salarial e por programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. Já o consumo do governo cresceu 0,8%.
Os investimentos, medidos pela formação bruta de capital fixo, tiveram alta de 2,1% no trimestre, enquanto as exportações caíram 0,6% e as importações subiram 1%.
Contexto econômico
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, destacou a influência positiva de emprego e renda no desempenho econômico.
“A gente continua com vários efeitos positivos, como o mercado de trabalho. A inflação está acima da meta, mas não está em níveis altíssimos, e o governo segue com a política de transferência de renda”, afirmou.
Sobre a desaceleração do crescimento trimestral, que passou de 1,4% no segundo trimestre para 0,9% no terceiro, Palis observou que o aumento recente da taxa básica de juros pelo Copom ainda não teve impacto significativo na atividade econômica:
“Demora um tempo para ter um efeito maior sobre a atividade econômica. O terceiro trimestre não tem tanto esse impacto, apesar de o juro estar em um patamar elevado.”
Comparação anual e acumulado de 2024
Na comparação com o mesmo período de 2023, o PIB cresceu 4%, impulsionado pelo setor de serviços (+4,1%) e pela indústria (+3,6%). A agropecuária recuou 0,8%, penalizada por perdas na produtividade de algumas culturas.
No acumulado do ano até o terceiro trimestre, a economia cresceu 3,3% em relação ao mesmo período de 2023. Os serviços avançaram 3,8%, a indústria cresceu 3,5%, enquanto a agropecuária recuou 3,5%.
Revisão do PIB de 2023
O IBGE também revisou o crescimento do PIB de 2023, que passou de 2,9% para 3,2%, refletindo o desempenho mais robusto da economia no período.
Com o resultado do terceiro trimestre, o PIB brasileiro reforça sua trajetória de expansão, ainda que em ritmo moderado, em meio a desafios como inflação, juros elevados e condições climáticas adversas.