
Os vencedores da 35ª edição do Prêmio Shell de Teatro foram anunciados nesta terça (18/03), em uma cerimônia realizada no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro. A premiação contemplou espetáculos que fizeram temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo em 2024, além de se debruçar sobre espetáculos do Brasil inteiro, com a Categoria Destaque Nacional.
Com apresentação de Renata Sorrah e Clayton Nascimento e direção e roteiro de Zélia Duncan, a cerimônia foi aberta com uma grande homenagem a mais “primordial” das artes e às 35 edições do Prêmio Shell de Teatro, enaltecendo essa parceria longeva e tão importante para a cultura brasileira. Foram exibidas imagens de alguns dos vencedores ao longo da história da premiação, com locução de Nathalia Timberg.

O Vice-presidente de Relações Corporativas da Shell, Flavio Rodrigues, se emocionou ao celebrar as 35 edições do Prêmio Shell de Teatro. “Teatro é memória, espelho da cultura de um povo. Onde melhor podemos nos traduzir e nos enxergar. Penso nos mais de 600 profissionais que passaram e foram premiados pela Shell desde 1988, tivemos artistas e técnicos talentosíssimos”, celebra. Flávio Rodrigues acrescentou: “Trabalho na Shell há mais de 35 anos e acompanho o amadurecimento e expansão do prêmio. Mais de 2400 espetáculos foram indicados nessas 35 edições. O Prêmio Shell é mais que uma simples premiação. É motivo de muito orgulho. É um aceno à diversidade, contemplando desde montagens experimentais a grandes espetáculos que marcaram época. O compromisso com a cultura é também com a memória. Entendemos a arte como espaço de resistência”, finaliza.
Flavio Rodrigues enalteceu ainda a presença de várias mulheres indicadas na categoria de direção, reafirmando a relevância das mulheres na arte brasileira. E a vencedora eleita pelo Júri São Paulo foi a diretora Jéssica Martins, que é Pessoa com Deficiência (PCD) e fez discurso emocionante enaltecendo a importância do Prêmio Shell ao olhar para a diversidade e promover a inclusão.
O teatro se reafirmou como uma arte que tem sua força na coletividade. Vários vencedores enalteceram a importância dos grupos e do trabalho que realizam. Não por acaso, o homenageado do ano foi a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, e seus mais de 40 anos de atividades ininterruptas. Foi a primeira vez em que o Prêmio Shell de Teatro tem um homenageado único, eleito pelo conjunto de jurados de todas as regiões.
Em uma noite equilibrada, nenhum dos espetáculos premiados saiu com mais de um troféu, o que reforça a excelência e pluralidade dos indicados. Débora Falabella e Mel Lisboa foram eleitas Melhores Atrizes pelo Júri Rio e Júri São Paulo, respectivamente. Othon Bastos foi escolhido como Melhor Ator pelo Júri Rio e foi representado por seu filho Pedro Bastos. Já o Júri São Paulo premiou a primeira drag queen como Melhor Ator, Alexia Twister.
Os números musicais da cerimônia relembraram alguns dos momentos marcantes das 35 edições do Prêmio Shell de Teatro. Matheus Macena (vencedor como Melhor Ator em 2024, pelo Júri RJ) apresentou ‘Eu sonhei que tu estavas tão linda’, número em homenagem ao espetáculo de Antunes Filho e Emerson Danesi sobre o compositor Lamartine Babo, vencedor do Prêmio Shell de Música em 2010. Larissa Luz interpretou ‘Zé do Caroço’ relembrando o espetáculo ‘Leci Brandão, na palma da mão’, vencedor de Melhor Direção pelo Júri RJ em 2024.
Soraya Ravenle, vencedora como Melhor Atriz em 1999, pelo espetáculo ‘Dolores’ fez uma celebração à música e ao teatro e interpretou um clássico de Chico Buarque e Edu Lobo, ‘Na Carreira’.
Ao final, o ator Thiago Chagas, intérprete da personagem Dona Fernandona (uma homenagem à Fernanda Montenegro) fez uma brincadeira com os apresentadores e celebrou o teatro e o Prêmio Shell. Ao final, Renata Sorrah e Clayton Nascimento convidaram os vencedores para a tradicional foto no palco.
O Júri
O júri do 35º Prêmio Shell de Teatro é composto por Ana Luisa Lima (professora, produtora e gestora cultural), Biza Vianna (figurinista, diretora de arte e produtora cultural), Daniele Ávila (artista de teatro, crítica e curadora), Leandro Santanna (produtor cultural, gestor público e ator) e Paulo Mattos (curador e produtor cultural), no Rio de Janeiro, e por Evaristo Martins de Azevedo (crítico de arte), Ferdinando Martins (professor e crítico de arte), Lucelia Sergio (atriz, diretora e dramaturga), Luiz Amorim (ator, diretor e gestor em produção cultural) e Maria Luisa Barsanelli (jornalista), em São Paulo. O júri que analisou os espetáculos que disputarão a categoria “Destaque Nacional” traz nomes de Curitiba, Bahia, Ceará e Minas Gerais: é formado por Dane de Jade (atriz, pesquisadora e gestora cultural), Giovana Soar (atriz, diretora, tradutora e curadora), Guilherme Diniz (pesquisador, crítico cultural e professor) e Marcio Meirelles (encenador, dramaturgo e gestor cultural).
Sobre o Prêmio Shell de Teatro
O Prêmio Shell de Teatro se tornou uma das grandes referências do teatro brasileiro nas últimas três décadas. É possível contar a história da cena teatral do Rio de Janeiro e de São Paulo ao longo das suas 34 premiações, com seus artistas indicados, os espetáculos consagrados e os homenageados de cada ano.
Confira a lista dos vencedores da 35ª edição do Prêmio Shell de Teatro:
Rio de Janeiro
DRAMATURGIA
- Pedro Emanuel e Vinicius Arneiro por “Língua”
DIREÇÃO
- Dadado de Freitas e Mauricio Lima por “Arqueologias do Futuro”
ATOR
- Othon Bastos por “Não me Entrego, Não!”
ATRIZ
- Débora Falabella por “Prima Facie”
CENÁRIO
- Beli Araujo e Cesar Augusto por “Claustrofobia”
FIGURINO
- Claudia Schapira por “Améfrica: Em Três Atos”
ILUMINAÇÃO
- Adriana Ortiz por “Um Filme Argentino”
MÚSICA
- Beà Ayòóla pela direção musical de “Amor de Baile”
ENERGIA QUE VEM DA GENTE
- Programa Enfermaria do Riso – UNIRIO – por desenvolver desde 1998 uma ação de extensão integrada entre os cursos de Teatro e Medicina para formação e pesquisa em torno de intervenções artísticas de palhaçaria em hospitais.
São Paulo
DRAMATURGIA
- Liana Ferraz por “Não Fossem as Sílabas do Sábado”
DIREÇÃO
- Jéssica Teixeira por “Monga”
ATOR
- Alexia Twister por “Rei Lear”
ATRIZ
- Mel Lisboa – “Rita Lee, uma Autobiografia Musical”
CENÁRIO
- J.C. Serroni por “Primeiro Hamlet”
FIGURINO
- Eduardo Giacomini por “Cão Vadio”
ILUMINAÇÃO
- Wagner Antônio por “Um Jaguar por Noite”
MÚSICA
- Adilson Fernandes, Bruno Garcia, Carol Nascimento, Dani Nega, Flávio Rodrigues e Jonathan Silva pela direção musical e trilha original de “Maria Auxiliadora”
ENERGIA QUE VEM DA GENTE
- Negócio Social Tereza – pelo trabalho realizado por egressas do sistema prisional em parceria com artistas teatrais para a confecção de figurinos em espetáculos como “Martinho, Coração de Rei – o Musical” e “Marrom, o Musical”.
DESTAQUE NACIONAL:
- A Força da Água – do Grupo Pavilhão da Magnólia, de Fortaleza – CE