De acordo com o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Andrew Parsons, a meta para a Paralimpíada de Paris (França) é estabelecer um novo recorde de público na história do evento, que ocorre desde 1960. A partir de outubro, serão colocados à venda 2,8 milhões de ingressos com o objetivo de superar a edição de Londres (Reino Unido) em 2012, que teve 2,7 milhões de bilhetes comercializados.
“Temos trabalhado com o Comitê Organizador de Paris e com os governos federal e municipal. Queremos entregar um evento do mais alto nível, com a melhor estrutura aos atletas, instalações esportivas em áreas diferentes da cidade, junto de lugares icônicos. Temos a expectativa de um legado de mudança de atitude [em relação à pessoa com deficiências], de investimento em acessibilidade. O público da Paralimpíada é diferente, muitas vezes mais doméstico, de famílias, até por isso a política de preços é ajustada para ser mais barata [que na Olimpíada]”, argumentou o dirigente, que é brasileiro.
O Comitê Paralímpico Internacional (IPC) também está atento à situação dos atletas da Rússia e Belarus, cuja participação nos Jogos de Paris será reavaliada na assembleia geral da entidade em setembro. Os países foram suspensos desde novembro de 2020 devido à invasão russa na Ucrânia com o apoio da Bielorrússia. No entanto, o presidente do IPC, Andrew Parsons, acredita que a decisão final sobre a participação dos atletas não causará nenhum tipo de boicote aos Jogos de 2024.
A questão é controversa no segmento olímpico. No último Campeonato Mundial feminino de boxe, por exemplo, 11 países (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Irlanda, República Tcheca, Canadá, Suécia, Suíça, Holanda, Polônia, Noruega e Ucrânia) boicotaram o evento devido à presença de russos e bielorrussos, especialmente porque eles não precisaram competir como atletas neutros, como acontece no tênis, por exemplo.
“A diferença é que nós já vivemos essa situação, porque a invasão foi entre a Olimpíada e a Paralimpíada de Inverno de Pequim [China, no ano passado]. A primeira decisão, como comitê executivo, foi pela participação [de russos e bielorrussos] como atletas neutros, porque era o que, de acordo com nosso estatuto, podíamos fazer. Até aquele momento, os Jogos não estavam em risco. Com o anúncio da decisão, muitos governos e comitês nacionais ameaçaram realmente tirar os atletas. Os Jogos entraram em risco, aí você consegue ativar outro dispositivo estatutário e não aceitamos as inscrições de atletas russos e de Belarus”, recordou Parsons.
“Desta vez, como a decisão será tomada em assembleia, acho que há um peso diferente, porque é uma decisão colegiada, de todos os comitês do mundo. Então, qualquer decisão que for tomada, acho que haverá respeito dos comitês paralímpicos nacionais”, emendou.
No final de março, foi recomendado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a liberação de representantes da Rússia e Belarus para competições individuais, como atletas neutros, mas não para competições por equipes e coletivas. Essa orientação, no entanto, não se refere especificamente à Olimpíada de Paris. O presidente do IPC destacou que a posição da entidade não está necessariamente vinculada à decisão do COI. A situação dos atletas de Rússia e Belarus será reavaliada na assembleia geral do IPC em setembro. Ambos os países estão suspensos desde novembro do ano passado devido à invasão russa à Ucrânia, com apoio bielorrusso. O presidente da entidade não acredita que a decisão final, seja qual for, causará algum tipo de boicote aos Jogos de 2024. No entanto, esse é um assunto controverso no segmento olímpico. No último Campeonato Mundial feminino de boxe, por exemplo, 11 países boicotaram o evento porque não concordavam com a participação de russos e bielorrussos, especialmente porque não tiveram que competir como atletas neutros, como acontece no tênis, por exemplo.
“A gente monitora o que acontece nas decisões do COI, que é nosso maior parceiro, mas somos entidades autônomas, que tomam decisões às vezes alinhadas, às vezes não. Nos Jogos [do] Rio [de Janeiro, em] 2016, na questão do doping da Rússia, tivemos uma decisão diferente [os russos foram liberados para competir na Olimpíada, mas não na Paralimpíada]. No momento, os comitês de Rússia e Belarus não podem inscrever atletas em nenhuma competição sancionada pelo IPC. Em algumas modalidades também atuamos como federação, em outras a decisão é de cada federação”, explicou Parsons.
“A assembleia é formada por todos os comitês do mundo e federações internacionais. Pode ser que se tome uma decisão específica quanto a Paris 2024, ou até Milano-Cortina [Itália, sede da Paralimpíada de Inverno, em] 2026. E, obviamente, vamos monitorar a situação da Ucrânia, ver a questão da guerra, se houve algum desenvolvimento para a paz, como isso pode afetar [a decisão]”, completou.
Equidade de gênero
A Paralimpíada de Paris terá a maior representatividade feminina de todos os tempos, com 235 disputas por medalhas (representando 42,8% do total) e 1.859 vagas (42,5%) destinadas às mulheres. O presidente do IPC afirmou que a meta da entidade é alcançar a equidade de gênero nos Jogos de Brisbane, em 2032.
“Desde Sydney [Austrália, em 2000], mas especialmente depois de Pequim [2008], estamos aumentando de forma sólida as vagas femininas. Mas outra preocupação é desenvolver lideranças femininas. Em 2021 mudamos nosso estatuto em vários aspectos e um deles é [aumentar] a representação feminina em vários níveis, desde as comissões. O atleta é o principal, fundamental, mas precisamos dessas lideranças”, afirmou o dirigente, que enumerou razões para a presença masculina no paradesporto ainda ser numericamente superior.
“Em muitos países é uma questão cultural, do acesso da mulher em geral e com deficiência ao esporte. Existem também fatores como o percentual de homens vítimas de acidentes ser maior. Mas o fundamental é o aspecto cultural e como você proporciona a entrada das mulheres com deficiência ao esporte em nível nacional. Como fazer para atrair mais mulheres, é cultura, [derrubar] tabus, que vai mais além”, concluiu.