Especialistas do Instituto Escolhas e da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), alertam para a importância da produção local de alimentos como forma de melhorar a alimentação em centros urbanos.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo mínimo recomendado de frutas, legumes e verduras é de 400 gramas por dia. No entanto, apenas 19% dos produtos alimentícios adquiridos pelos domicílios no Brasil em 2018 pertenciam a essa categoria. Esse cenário reflete a preferência por alimentos ultraprocessados, que, além de conterem aditivos químicos, representam risco à saúde quando consumidos com frequência.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) destaca a preocupação com a ingestão excessiva de alimentos ultraprocessados e propõe o aumento da carga tributária sobre esses produtos como forma de desestimular seu consumo. Entre 2006 e 2022, os preços dos alimentos saudáveis subiram quase três vezes mais que os ultraprocessados, revelando um desafio para a promoção de uma alimentação equilibrada.
Os pesquisadores ressaltam que uma das soluções para essa questão é o estímulo à produção local de alimentos saudáveis. Circuitos curtos de comercialização, nos quais os alimentos são vendidos diretamente pelos agricultores aos consumidores das cidades, podem reduzir custos de transporte e comercialização, refletindo em preços mais acessíveis para o consumidor final.
Estimativas do Instituto Escolhas indicam que a região metropolitana de São Paulo e outras cidades brasileiras teriam potencial para abastecer milhões de pessoas com legumes e verduras todos os anos, caso iniciativas de produção local fossem incentivadas. Essa estratégia não só contribuiria para uma alimentação mais saudável, mas também fortaleceria a economia local e reduziria os impactos ambientais associados ao transporte de alimentos.