Nesta sexta-feira (23), professores do Rio de Janeiro realizaram uma manifestação em frente à sede da prefeitura, no centro da cidade, reivindicando o cumprimento rigoroso do protocolo de segurança do programa Acesso Mais Seguro nas escolas do Conjunto de Favelas da Maré. A medida é crucial para garantir a segurança dos alunos e profissionais da educação durante as frequentes operações policiais na comunidade, que frequentemente resultam em tiroteios.
Desde o início da semana, a Maré tem sido palco de uma operação conjunta envolvendo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil, a Polícia Militar e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop). A ação, que visa combater a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas, inclui a demolição de imóveis supostamente construídos por organizações criminosas, especialmente na comunidade do Parque União.
Apesar da gravidade da situação, as escolas, que haviam sido fechadas por razões de segurança, foram reabertas, mas os professores afirmam não se sentirem seguros para trabalhar em meio ao conflito. Samantha Guedes, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), criticou a decisão de manter as aulas presenciais. Ela argumentou que as atividades poderiam ser realizadas remotamente, evitando expor alunos e professores ao perigo.
Durante uma reunião na prefeitura, os representantes do Sepe discutiram o impacto das operações policiais na rotina escolar e relataram que, apesar do protocolo de segurança ter sido acionado na quinta-feira (22), ele não foi respeitado. A professora Suzana Gutierrez destacou que, mesmo com o protocolo em vigor, as escolas foram obrigadas a reabrir, colocando todos em risco.
A situação é ainda mais tensa para os moradores da Maré, como Roberta Tavares do Nascimento, professora e mãe de alunos da rede municipal. Ela relatou que não tem conseguido dormir devido às operações e não se sente segura para levar seus filhos à escola.
Em resposta às preocupações, a Secretaria Municipal de Educação (SME) confirmou que 24 escolas permaneceram fechadas durante os primeiros dias da semana, reabrindo apenas nos dias seguintes com horários alterados. A SME informou que segue o protocolo Acesso Mais Seguro, elaborado em parceria com a Cruz Vermelha Internacional, e que monitora continuamente a situação em cada território para tomar decisões sobre a abertura ou fechamento das escolas.A Seop divulgou que até esta sexta-feira foram descaracterizados 32 prédios, totalizando mais de 162 unidades residenciais, como parte das demolições de construções irregulares na comunidade. A operação, realizada manualmente devido à altura dos prédios e à dificuldade de acesso, continuará nos próximos dias.
Uma nova reunião entre a SME e os representantes do Sepe está agendada para a próxima segunda-feira (26), quando serão discutidas novas medidas para garantir a segurança nas escolas da Maré durante as operações policiais.