O Grupo Gay da Bahia (GGB), a organização não governamental LGBT mais antiga da América Latina, divulgou um relatório alarmante que revela que 257 pessoas LGBTQIA+ foram vítimas de mortes violentas no Brasil em 2023. Esses dados ressaltam que, a cada 34 horas, uma pessoa LGBTQIA+ perdeu a vida de maneira violenta no país, mantendo o Brasil como o país mais homotransfóbico do mundo no ano passado.
A ONG, que coleta informações sobre homicídios e suicídios de pessoas LGBTQIA+ há 44 anos, destaca que o número real pode ser ainda maior, com 20 mortes em fase de apuração, podendo elevar o total para até 277 casos. O fundador do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott, enfatiza que o governo continua ignorando esse “verdadeiro holocausto” que assola a comunidade LGBTQIA+.
O relatório revela uma preocupante inversão nas estatísticas, com as mortes de travestis ultrapassando em número absoluto as dos gays pela segunda vez em quatro décadas. O documento destaca que a chance de uma trans ou travesti ser assassinada é 19 vezes maior do que a de um gay ou lésbica.
Outro ponto alarmante é a faixa etária das vítimas, com 67% delas sendo jovens entre 19 e 45 anos. A Região Sudeste liderou as estatísticas, registrando 100 casos, seguida pelo Nordeste com 94 mortes. Pela primeira vez em 44 anos, o Sudeste assumiu o posto de região mais impactada.
Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Ceará concentraram o maior número de mortes violentas da população LGBTQIA+ em 2023. O GGB destaca a necessidade urgente de ações e políticas públicas efetivas para combater a violência direcionada à comunidade LGBTQIA+. A ausência de dados oficiais é apontada como um reflexo da homofobia e homotransfobia institucional e estrutural. O Grupo Gay da Bahia insta o poder público a assumir a responsabilidade pela coleta oficial de estatísticas de ódio contra a comunidade LGBTQIA+ e implementar medidas para garantir sua segurança.