A situação no Afeganistão tornou-se ainda mais alarmante com o Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício detendo e agredindo adolescentes por alegado uso inadequado do hijab, o véu islâmico. O regime talibã, que governa o país, rotulou as jovens como “infiéis”, promovendo uma onda de detenções e violência.
Em Cabul, nenhum espaço parece escapar ao olhar repressor do poder talibã, com salas de aula, mercados e centros comerciais sendo alvos de sua ação. A polícia moral deteve dezenas de meninas e mulheres, alegando agir contra o mau uso do hijab.
Testemunhos, alguns dados sob anonimato, relatam episódios de violência. Uma adolescente de 16 anos, presa junto com colegas de escola, descreveu ter sido chicoteada nos pés e pernas quando tentou argumentar com os talibãs. Seu pai também foi agredido, acusado de criar “meninas imorais”.
Os relatos indicam que as jovens foram acusadas de “divulgar e encorajar outras pessoas a usar mal o véu islâmico” e a utilizar maquiagem. As detenções e agressões são vistas como mais um passo dos talibãs para restringir os direitos das mulheres e excluí-las da vida pública.
Ativistas dos direitos das mulheres afirmam que essa repressão é uma desculpa para impor mais restrições, alegando que os talibãs buscam retirar as mulheres da vida pública e tornar suas vidas ainda mais difíceis.
A comunidade internacional reagiu com indignação. O relator especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos no Afeganistão, Richard Bennett, pediu a imediata libertação das mulheres sem impor condições, enquanto a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão expressou preocupação com as detenções arbitrárias, apelando ao respeito pelos direitos fundamentais.
O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, rejeitou as críticas internacionais, afirmando que suas ações são legais e baseadas na Sharia, o sistema jurídico islâmico. A repressão talibã continua a gerar repúdio e renovadas preocupações sobre os direitos humanos no Afeganistão.