Na próxima sexta-feira (8), o produtor cultural Dom Filó, em parceria com o DJ Corello, comandará o baile “Eu Amo Black Music”, no Teatro Rival Petrobras, celebrando cinco décadas de black music no Brasil. O evento é promovido em conjunto com a Cultne TV e marca o início da jornada da black music no país, que começou em 1974, com o icônico baile Noite do Shaft no Renascença Clube, inspirado pelo personagem John Shaft dos filmes da época.
Criado por Dom Filó, o evento Noite do Shaft foi pioneiro ao trazer a cultura afro-americana ao Brasil, ressignificando a black music para o contexto brasileiro e oferecendo um espaço de celebração e afirmação cultural para a comunidade negra. “A cultura negra sempre foi musical, um espaço de cura e união”, diz Dom Filó. Inspirado por tradições musicais dos EUA, como soul, jazz e blues, o movimento cresceu, principalmente no Rio de Janeiro, com os bailes e com a formação das primeiras equipes de som.
O auge da popularidade desses bailes também foi um momento de transformação social, como no caso da Soul Grand Prix, liderada por Filó e outros artistas do Renascença Clube. As festas uniam diversão e conscientização racial, em um período marcado pela repressão da ditadura militar. A black music encontrou no Brasil solo fértil, alimentando o surgimento do Movimento Black Rio, que popularizou ritmos como o soul e o funk e inspirou gerações com a fusão do samba e do funk, criando um estilo brasileiro e fortalecendo a identidade negra.
Além do Movimento Black Rio, a black music também influenciou o surgimento do Movimento Charme, nos anos 1980, com o DJ Corello. Conhecido por introduzir o rhythm and blues ao cenário, Corello trouxe o termo “charme” aos bailes, unindo gerações e deixando como legado o tradicional Baile do Viaduto de Madureira e, atualmente, o Black Bom, na Pedra do Sal, que continua a celebração da cultura negra na cidade.
Celebrando cinco décadas de influência, Dom Filó destaca o impacto duradouro do movimento para a comunidade negra no Brasil: “É um legado que transcende gerações. Hoje, vemos jovens mantendo viva essa cultura e entendendo que essa trajetória começou lá atrás.”