Na segunda-feira (21), a Rússia expressou forte desaprovação em relação à decisão dos Países Baixos e da Dinamarca de enviar caças F-16 para a Ucrânia, alertando que essa ação tem o potencial de desencadear “uma escalada do conflito”. O ministro russo das Relações Exteriores categorizou o envio dos F-16 para Kiev como uma ameaça nuclear.
“O fato de a Dinamarca ter decidido agora doar 19 aeronaves F-16 para a Ucrânia leva a uma escalada do conflito”, disse o embaixador russo Vladimir Barbin em comunicado citado pela agência de notícias Ritzau.
“Ao esconder-se atrás de uma premissa de que a própria Ucrânia deve determinar as condições para a paz, a Dinamarca procura, com suas ações e palavras, deixar a Ucrânia sem outra escolha a não ser continuar o confronto militar com a Rússia”, acrescentou.
A reação da Rússia ocorre em resposta ao anúncio feito no domingo (20) pelos Países Baixos e Dinamarca, no qual informaram o envio de caças F-16 para a Ucrânia. Essa decisão era aguardada há muito tempo pelo presidente ucraniano.
Sergei Lavrov, ministro russo das Relações Exteriores, também enfatizou que Moscou percebe o envio dos caças F-16 para a Ucrânia como uma ameaça nuclear, uma vez que essas aeronaves têm a capacidade de transportar armas atômicas.
Restrições
Diante das preocupações acerca de uma possível intensificação do conflito, o ministro da Defesa da Dinamarca esclareceu que os caças F-16 fornecidos à Ucrânia só poderão ser empregados dentro do território ucraniano.
“Doamos armas com a condição de que sejam usadas para expulsar o inimigo do território da Ucrânia. E não mais do que isso”, disse Ellemann-Jensen.
“Essas são as condições, sejam tanques, aviões de combate ou qualquer outra coisa”, acrescentou.
Os Países Baixos e a Dinamarca também deixaram claro que a transferência das aeronaves só ocorrerá após o cumprimento de determinadas condições, como o treinamento de pilotos e engenheiros, bem como o estabelecimento de infraestruturas adequadas na Ucrânia para essas aeronaves.
A formação, ministrada por uma coalizão de 11 países, está prevista para começar ainda neste mês, e as autoridades estimam que os pilotos ucranianos estejam prontos para operar os aviões F-16 no início de 2024.
Apesar dessas considerações, o presidente ucraniano, que recentemente visitou os Países Baixos e agora está na Dinamarca, enfatizou o caráter “histórico” do acordo. Ele destacou que as aeronaves contribuirão para fortalecer a capacidade de contraofensiva da Ucrânia e para proteger o povo ucraniano contra o que ele chamou de “terror russo”.
“Os F-16 inspirarão darão nova confiança e motivação para os combatentes e cidadãos comuns. Eles produzirão novos resultados para a Ucrânia e o resto da Europa”, escreveu o presidente Volodymyr Zelensky na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter.
A Dinamarca divulgou seus planos de enviar um total de 19 jatos F-16 à Ucrânia. Os seis primeiros devem ser enviados até o final deste ano, seguidos por oito em 2024 e mais cinco em 2025. Em relação aos Países Baixos, eles possuem 42 F-16 disponíveis, mas ainda não decidiram se todos serão transferidos para Kiev.
Zelensky antecipou nas redes sociais que serão enviados 42 aviões para a Ucrânia.
O anúncio dos Países Baixos e da Dinamarca vem dois dias após os Estados Unidos também aprovarem o envio de caças F-16 para a Ucrânia. No entanto, Washington enfatizou que a autorização não significa uma entrega imediata das aeronaves, devido à necessidade de treinamento dos pilotos ucranianos.