
Durante a 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, na qual foi homenageada, a atriz Bruna Linzmeyer celebrou a indicação do longa-metragem brasileiro Ainda Estou Aqui a três categorias do Oscar 2025. O filme, dirigido por Walter Salles, concorre como Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz, com Fernanda Torres na disputa. A premiação ocorrerá no dia 2 de março, em Los Angeles.
“É uma sensação poderosa de pertencimento. Eu acho que a gente está vivendo isso em comunidade. Isso mostra o poder da cultura”, afirmou Bruna, destacando a atmosfera de conquista coletiva que envolve o momento.
Conquista histórica
Baseado na história real de Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante o regime militar brasileiro, Ainda Estou Aqui acumula marcos importantes. Além da indicação ao Oscar, Fernanda Torres se tornou a primeira brasileira a vencer o Globo de Ouro como Melhor Atriz.

Apesar do impacto das indicações, Bruna Linzmeyer acredita que o feito não garantirá maior atenção ao cinema brasileiro em futuras edições da premiação.
“É uma conjuntura muito específica. É diferente de quando a gente fala dos festivais de Berlim e de Cannes. Claro que sempre é preciso uma articulação porque todo festival tem uma política interna. Mas não necessariamente é preciso muito dinheiro como no Oscar. É magnífico. É muito bonito. Mas eu acho bem difícil que isso comece a acontecer com frequência”, avalia.
Mostra de Cinema de Tiradentes
Organizada pela Universo Produção, a Mostra de Cinema de Tiradentes é o principal evento de abertura do calendário audiovisual brasileiro. Nesta edição, que vai até 1º de fevereiro, serão exibidos 140 filmes, incluindo 43 longas e 96 curtas-metragens. Como homenageada, Bruna Linzmeyer recebeu o Troféu Barroco e teve 10 produções de sua carreira integradas à programação, como Baby (2024), Medusa (2021) e A Frente Fria que a Chuva Traz (2016).
“É muito bonito poder trabalhar com pessoas que têm diferentes tempos de experiência. De algum jeito me sinto também testemunha dessas diretoras, de ver as pessoas fazendo os seus primeiros filmes. Mais emocionante do que fazer filme é fazer o seu primeiro filme. Isso me emociona, me atravessa e me instiga”, afirmou.
Trajetória e futuro
A atriz também refletiu sobre sua carreira e a importância da televisão como escola. “A TV é um lugar de muito aprendizado. Você tem tempo para errar e tentar de novo. Todo esse conhecimento eu levo para o cinema”, destacou.
Bruna revelou ainda que está escrevendo um longa-metragem chamado Corupá, inspirado em sua cidade natal, no interior de Santa Catarina. As filmagens ocorrerão no município, que conta com pouco mais de 15 mil habitantes. “Morar em cidade pequena é incrível, mas também frustrante quando se está longe de tudo. Foi esse desejo de explorar o mundo que me trouxe para o meio artístico”, contou.
Ela também enfatizou a necessidade de investimentos para impulsionar a cultura brasileira, citando exemplos internacionais como a Coreia do Sul e a Tailândia. “Investir em cultura traz retornos em diversas formas. Precisamos de estratégias que ampliem o alcance das nossas produções no mundo”, concluiu.