O Supremo Tribunal Federal (STF), por decisão do ministro Alexandre de Moraes, confirmou a validade do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Após três horas de audiência, realizada na quarta-feira (20), Moraes concluiu que Cid conseguiu sanar as omissões e contradições identificadas pela Polícia Federal (PF) em depoimentos anteriores.
Esclarecimentos e manutenção do acordo
Durante a audiência, Cid respondeu aos questionamentos sobre temas sensíveis, entre eles a tentativa de golpe de Estado investigada pela Operação Contragolpe e outros episódios relacionados ao governo Bolsonaro, como o esquema de venda de joias sauditas e a fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente.
Embora o conteúdo completo do depoimento não tenha sido divulgado, a defesa do tenente-coronel confirmou que os benefícios do acordo de colaboração foram preservados. Moraes enviou o depoimento à PF para que complemente as investigações em curso.
Contradições e investigações
Em depoimento na terça-feira (19), Mauro Cid negou envolvimento no plano golpista que incluía ações extremas, como o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do próprio Moraes. Porém, investigações da PF indicam que ele participou de uma reunião em novembro de 2022, na casa do general Braga Netto, onde foram discutidas ações contra a posse de Lula.
O contexto da delação
O acordo de delação de Mauro Cid, firmado em 2023, comprometeu o militar a revelar informações sobre irregularidades que presenciou durante o governo Bolsonaro. Além de ser um dos 37 indiciados no inquérito sobre a tentativa de golpe, ele também é peça-chave na apuração de outros crimes, como manipulação de dados oficiais e esquemas financeiros suspeitos.
A decisão de Moraes reforça a relevância do depoimento de Cid nas investigações e consolida o papel da delação premiada como ferramenta no esclarecimento de tramas envolvendo figuras de alto escalão político e militar.