O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou até 28 de fevereiro de 2025 o prazo para a audiência de conciliação sobre o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Inicialmente, as reuniões estavam previstas para encerrar em 18 de dezembro deste ano.
Retirada de indígenas do processo
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) deixou as negociações em agosto, argumentando que os direitos indígenas são inegociáveis e que não havia paridade nos debates. Apesar disso, Mendes decidiu prosseguir com as discussões, afirmando que “nenhuma parte pode paralisar o andamento dos trabalhos”.
Em 2022, o STF declarou o marco temporal inconstitucional, mas o Congresso Nacional tem buscado reverter a decisão com novas medidas legislativas, incluindo uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para consolidar a tese na Constituição.
O que é o marco temporal?
A tese do marco temporal estabelece que os povos indígenas só têm direito às terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época. Críticos afirmam que a medida limita os direitos originários dos indígenas, enquanto defensores alegam que ela dá segurança jurídica a propriedades rurais.
Impactos da decisão de conciliação
A audiência convocada por Gilmar Mendes envolve ações do PL, PP, e Republicanos para validar o projeto de lei que reconhece o marco temporal. A decisão de manter as negociações beneficia o Congresso, que ganha tempo para avançar na aprovação da PEC.
Em dezembro de 2022, o Congresso derrubou o veto presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto que confirmava o marco temporal, mesmo após a decisão contrária do STF. A medida foi justificada pelo Planalto com base na jurisprudência da Corte.
Próximos passos
Com a prorrogação, as negociações podem reabrir espaço para novos debates, mas permanecem sob críticas da Apib e de outras entidades indígenas. O adiamento também aumenta a pressão sobre o Congresso para definir sua posição antes que o STF retome o julgamento definitivo da questão.
A decisão ressalta a complexidade do embate entre direitos indígenas e interesses legislativos, evidenciando a importância de um diálogo mais amplo e representativo.