Música, artes plásticas, teatro, performance, cinema, literatura, programação infantil, assistência social, gastronomia carioca de rua, festas noturnas e muita boemia ditam o ritmo e dão as cores da Queerioca, primeiro centro de referência de arte e cultura LGBTQIAPN+ do Rio de Janeiro. Idealizado pela atriz e fundadora da companhia de teatro os dezequilibrados Cristina Flores e da roteirista, escritora, compositora e atriz Laura Castro, o espaço está instalado em um casarão colonial do século 19, na Travessa do Comércio, n.16, no histórico Arco do Teles, bem ao lado da Praça XV, no Centro. Inaugurada em maio, a Queerioca apostou na multifuncionalidade e na interseção de linguagens para se consolidar como um importante ponto de encontro da cidade.
Neste mês de outubro a Queerioca completa seis meses de atividades, com uma programação que contempla todas as expressões artísticas, num diálogo plural. É justamente um espaço para celebrar o orgulho com arte. “Nesse período, superamos nossas expectativas de oferecer um centro de referência da arte queer. Existem casas de acolhimento para população LGBT, existem bares e boates, mas essa é uma casa para os artistas. É um espaço para criar e reverberar no teatro, no cinema, na música, na literatura, na cultura da ballroom, para o público adulto, mas também para jovens e crianças. Reverberar o que nos representa. Fazer ver e pertencer. Produzir a cultura do orgulho para que os caminhos não permaneçam tão árduos”, destaca Laura Castro, que estima que cerca de 40 mil pessoas tenham passado por lá desde a inauguração.
Brazilian Ball celebra seis meses da Queerioca de portas abertas

Para festejar esse primeiro semestre de portas abertas, no dia 01 de novembro, sexta-feira, às 21h, a Queerioca vai promover uma edição da Brazilian Ball, um baile de vogue único que inclui performances que trazem referências nacionais como capoeira, samba e funk. E o melhor, dessa vez, o baile ocupa a rua, num acontecimento inédito na trajetória do centro cultural. A passarela a céu aberto será montada na parte central da Travessa do Comércio.
Coordenada pela travesti, ativista e musicista Angeliq Farnocchia, a Ball celebra as pessoas trans, em especial as travestis, que há 55 anos foram as pioneiras da luta contra a LGBTQfobia. Performers representantes das principais “houses” do Rio, como La Bella Mafia, House of Cazul e Casa de Ewá, entre outras, competem em busca do troféu de melhor casa da edição.
“A comunidade ballroom para além de uma cultura, é uma ferramenta de desenvolvimento pessoal. Exaltando corpos que são colocados à margem da sociedade. A ballroom permite uma nova ótica social, que através desses corpos em holofote, viabiliza a entrada de pessoas trans e pretas para o mercado de trabalho artístico”, contextualiza Angeliq, que é mother, no Brasil, da House of Juicy Couture, presente em países da Américas e da Europa.
Criada por travestis em meio à cena drag do mais profundo underground dos clubes noturnos do Harlem, o célebre bairro negro de NY, nos anos 70 e 80, a dança vogue é caracterizada por movimentos exageradamente femininos, misturando elementos do ballet, do jazz e da dança moderna. Representados por suas casas de acolhimento, as “houses of”, e desafiando quem perfomava melhor a dança, melhor figurino e maior feminilidade entre seus pares, as Ballrooms de Vogue talvez sejam uma das mais genuínas e, seguramente, deslumbrantes expressões da cultura queer em todos os tempos.
Mais do que uma competição, as balls eram momentos de encontro, brilho e festa das pessoas trans e travestis negrxs, latinxs e periféricxs, muito estigmatizadas naquela época, e que virou um movimento de afirmação de suas identidades e de gêneros e sexualidades. Popularizada por Madonna, com o clipe da música “Vogue”, nos anos 90, a dança (e as competições) passaram a ser replicadas mundialmente pela comunidade LGBT de todo o planeta. Nos últimos anos essa cena cresceu e se estabeleceu no Rio de Janeiro.
Mais sobre o Queerioca e a soma de forças de curadoria múltipla
Centro de referência de arte e cultura LGBTQIAPN+ no Centro do Rio de Janeiro, a Queerioca conta com uma curadoria residente multidisciplinar, que organiza as atrações fixas e flexíveis, gratuitas e pagas, junto com Laura Castro e Cristina Flores, as atrizes e ativistas fundadoras e gestoras do local.
Os parceiros que formam esse grupo são, na parte musical e festiva, a musicista Angeliq Farnocchia, que é ‘mother’ da cultura Ballroom, um dos carros-chefes da programação, a multi-instrumentista Nayara Danielly, que com Angeliq forma o duo musical Futura, a cantora Eliza Rosa, responsável pelas sempre disputadas rodas de samba e de forró LGBT, e as DJs Eloisa Leão e Marta Supernova.
Nas searas das artes visuais, literatura e cinema estão o artista plástico Daniel Toledo, curador do espaço e da Feira Alvoroço, a Livraria Pulsa, focada em destacar a autoria de obras LGBTQIAPN+, os produtores e diretores de cinema Gabriel Bortolini e Breno Lira Gomes, que tocam o Cine Queerioca, promovendo mostras e exibindo semanalmente um vasto e relevante acervo de produções queer nacionais e internacionais.
O Queer Mirim, braço infanto-juvenil do centro cultural, conta com a colaboração do grupo Mães Pela Diversidade, que desde 2014 luta pelo respeito aos filhos lésbicas, gays, trans, travestis, bissexuais, assexuais e mais.
Em parceria com a Ubook, lá também é produzido o Queerioca Podcast, que traz as histórias de vida das pessoas queer que estão construindo e desenvolvendo as atividades do espaço. É um meio de demonstrar como o centro cultural é fundado na diversidade, e de agradecer àqueles que colaboram com seus múltiplos saberes para a realização e a manutenção dessa iniciativa.
O Queerioca faz parte do projeto de revitalização da região promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro a partir do edital Reviver Cultural, que busca viabilizar novos empreendimentos no Centro da cidade. A iniciativa tem apoio da Junta Arquitetura e da AMBEV.
Serviço
Queerioca
Endereço; Travessa do Comércio, n.16 (Arco do Teles), Centro – Rio de Janeiro
Capacidade: 200 lugares
Horário de funcionamento:
Terça a quinta: das 16h à meia-noite
Sexta-feira: das 16h às 2h
Sábado: das 11h às 2h
E-mail para contato: queerioca@queerioca.com
Instagram: @queerioca
Site: www.queerioca.com