No último sábado (7), o bairro de Oswaldo Cruz, na zona norte do Rio de Janeiro, foi palco da 29ª edição do Trem do Samba, evento que homenageia o gênero musical que é a alma do Brasil. Sambistas veteranos, velhas guardas de escolas de samba e apaixonados pela música participaram da celebração que marcou o Dia Nacional do Samba, comemorado oficialmente em 2 de dezembro.
Central do Brasil ao ritmo do samba

A festa começou na emblemática estação Central do Brasil, onde um palco recebeu apresentações de grandes nomes do samba, entre eles Tia Surica, ícone da Velha Guarda e presidente de honra da Portela. “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Para mim, o samba é tudo,” declarou Tia Surica, reforçando a importância do ritmo que molda sua vida desde a infância.
A celebração se estendeu aos trens, que partiram às 18h04, exatamente como faziam Paulo da Portela e outros sambistas no início do século 20. Cada vagão foi transformado em uma autêntica roda de samba, levando o público a Oswaldo Cruz, um dos berços históricos do gênero.
Tradição e resistência

O evento, além de celebrar a música, relembra as origens do samba como uma forma de resistência cultural. Surgido em comunidades afro-brasileiras, o samba enfrentou décadas de preconceito e repressão. Durante o regime militar, sambistas sofreram censura e discriminação, mas o ritmo sobreviveu como símbolo de identidade e força coletiva.
Marquinhos de Oswaldo Cruz, anfitrião do Trem do Samba, destacou o papel do evento na preservação dessa história: “O Trem do Samba é uma espécie de restaurador de memória. Ele nos lembra de onde viemos e do valor da nossa cultura.”
Família e conexão cultural

O público, formado por cariocas, turistas e até quem não tem o samba como gênero favorito, abraçou a celebração com entusiasmo. Isabel Cristina, analista judiciária e fã de rock, participou pela primeira vez: “O samba é parte da nossa raiz, e queríamos viver essa experiência. Está sendo incrível.”
Para outros, como Marcelle e Renato Liberato, o evento é uma tradição familiar. “O samba é parte da nossa história, representa a nossa família. Participar do Trem do Samba é como celebrar quem somos,” afirmou Marcelle.
Beatriz, de apenas 8 anos, resumiu o sentimento geral: “Eu adoro samba!”
Samba: um patrimônio vivo
Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o samba continua a inspirar gerações. O Trem do Samba não é apenas uma festa, mas uma homenagem à riqueza cultural e histórica do ritmo que uniu um país e conquistou o mundo.
Enquanto o show continuar, o samba seguirá pulsando como o coração do Brasil.