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Pelo segundo ano na Série Ouro, a União de Maricá fez com um desfile grandioso, marcado pela sofisticação estética e uma narrativa bem construída. Sexta escola a entrar na avenida no primeiro dia de desfiles, a agremiação apresentou um espetáculo visual impactante, fruto do talento do carnavalesco Leandro Vieira. A comissão de frente e o conjunto alegórico e de fantasias reforçaram a organização e o capricho da apresentação, colocando a escola entre as favoritas ao título.
Enredo e Desenvolvimento
Com o enredo “O Cavalo de Santíssimo e a Coroa do Seu Sete”, a escola mergulhou na trajetória de Seu Sete, um Exu da umbanda carioca, e sua relação com Mãe Cacilda. Leandro Vieira dividiu a narrativa em três setores:
- “Pode Chegar no Terreiro” – Abertura do desfile com a proteção dos guardiões da porteira.
- “Cavalo de Muitos Guias e Cavalo de Seu Sete da Lira” – Apresentação dos principais guias espirituais de Cacilda de Assis.
- “Na Folia, Recordar é Viver” – Encerramento festivo destacando a relação de Seu Sete com a folia.
A abordagem cuidadosa e os elementos simbólicos bem definidos garantiram uma leitura clara do enredo na avenida, mesmo para o público menos familiarizado com o tema.
Comissão de Frente
Assinada por Patrick Carvalho, a comissão de frente trouxe um conceito cênico impactante. Composta exclusivamente por homens, a coreografia representou a relação entre Seu Sete da Lira e Mãe Cacilda, utilizando bonecas manipuladas pelos bailarinos para simbolizar a presença da mãe de santo. O ápice da apresentação ocorreu quando integrantes subiram no tripé que sustentava uma escultura de Mãe Cacilda, em meio a velas vermelhas, reforçando o impacto visual e a conexão com o enredo.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Fabrício Pires e Giovanna Justo representaram Exu Sete Encruzilhadas e Pombagira Audara Maria com figurinos exuberantes em vermelho e preto. A dança, fluida e clássica, teve momentos de destaque, como a simulação de incorporação feita por Fabrício ao som do verso “o homem baixou pra te ver”. A dupla mostrou sintonia e elegância, garantindo um dos momentos mais marcantes do desfile.
Alegorias e Adereços
Leandro Vieira imprimiu sua assinatura artística nas alegorias, apostando em sofisticação e acabamento impecável em vez de estruturas monumentais. Os três carros alegóricos foram destaques:
- A Tronqueira (abre-alas) – Predominantemente vermelho, com esculturas impressionantes e iluminação bem trabalhada.
- No Palco do Chacrinha – Uso criativo de luzes, diferenciando-se das demais alegorias.
- A Coroa do Rei – Fechamento do desfile com soluções estéticas de extremo bom gosto.
Fantasias
As fantasias seguiram a linha estética característica de Leandro Vieira, combinando cores vibrantes, materiais sofisticados e um alto nível de acabamento. Alas como “Dor sem Remédio”, “Chacrinha” e “Rei e Folião da Canjira” se destacaram pela riqueza de detalhes e maquiagem impecável, garantindo unidade visual ao desfile.
Harmonia e Evolução
O samba-enredo, interpretado por Nino do Milênio, Matheus Gaúcho e Bico Doce, teve um desempenho satisfatório, embora a empolgação da arquibancada tenha sido moderada. O ritmo começou acelerado, mas foi ajustado ao longo da apresentação. A evolução teve um início intenso, causando espaçamentos na primeira cabine de jurados, mas a escola conseguiu corrigir a questão nas etapas seguintes, encerrando o desfile com fluidez e sem atropelos.
Outros Destaques
O desfile foi marcado por momentos especiais, como a queima de fogos na abertura e a presença do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, desfilando à frente da escola.
Ano passado já merecia ser campeã, esse ano não tem como não ser! – Washington Quaquá, Prefeito de Maricá.
A interação com o público foi constante, e ao final, os gritos de “é campeã” ecoaram na Sapucaí, consolidando a forte impressão deixada pela União de Maricá em sua estreia na Série Ouro.