Em homenagem ao jornalista britânico Dom Phillips, assassinado há dois anos, sua viúva Alessandra Sampaio e amigos inauguraram o Instituto Dom Phillips, uma organização sem fins lucrativos destinada a perpetuar a paixão de Phillips pela Amazônia. Phillips, que trabalhou como correspondente internacional para veículos como o The Guardian, visitou a Amazônia pela primeira vez em 2015 e foi profundamente impactado pela região.
Propósito do Instituto
O Instituto Dom Phillips visa “ecoar as vozes da Amazônia” e disseminar os conhecimentos tradicionais das populações amazônicas. A iniciativa busca abordar questões socioeconômicas e ambientais, destacando a necessidade de proteção tanto da floresta quanto das comunidades locais.
Alessandra Sampaio, diretora-presidente do instituto, ressaltou a importância de trazer à tona as narrativas das pessoas que cuidam do bioma amazônico. “O Dom entendia que há um grande problema social e econômico na Amazônia, com muita gente exercendo atividades criminosas por falta de opções, e que há várias questões sobre as quais temos que falar, não só a sustentabilidade e a proteção, mas também às pessoas, que são muito desassistidas”, afirmou.
Contexto do Assassinato
Dom Phillips foi assassinado enquanto viajava para entrevistar líderes indígenas e ribeirinhos na Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior área de usufruto exclusivo indígena no Brasil. Phillips estava acompanhado de Bruno Pereira, um indigenista que havia se licenciado da Funai por discordar das políticas do governo de Jair Bolsonaro.
Missão e Valores
O Instituto Dom Phillips se dedica a projetos educacionais que promovem um conhecimento descolonizado sobre a Amazônia, desenvolvendo iniciativas que partem do território para o território e para o mundo. “Escolhemos a educação como ferramenta para promover um conhecimento descolonizado sobre e para a Amazônia”, afirma o texto de apresentação da entidade.
Ações e Desafios
A instituição enfatiza a urgência de ações concretas para a preservação da vida na Amazônia, tanto do bioma quanto dos seus defensores. Alessandra Sampaio destacou a importância do trabalho das entidades da sociedade civil na cobrança de justiça e proteção para os defensores da floresta.
Processo Judicial
O Ministério Público Federal denunciou cinco indivíduos pelo assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira. O processo judicial está em andamento, mas a data do julgamento ainda não foi marcada. Alessandra prefere não comentar o trâmite processual, mas reforça a necessidade de mais suporte e proteção para aqueles que continuam defendendo a região.
Homenagem e Compromisso
A criação do Instituto Dom Phillips representa um esforço para honrar o legado do jornalista, reconhecendo a importância de suas contribuições e seu profundo compromisso com a Amazônia. “Sempre que voltava das suas viagens à Amazônia, o Dom voltava muito mobilizado… Ele dizia: ‘Ale, se as pessoas conhecessem e entendessem a Amazônia, se elas soubessem de todas as belezas, toda a potencialidade [da região], se engajariam na proteção da floresta'”, lembrou Alessandra.
A entrevista completa com Alessandra Sampaio será transmitida no programa Repórter Brasil nesta quarta-feira (5), às 19h.