O monitoramento de inteligência da Polícia Federal revelou que voos ilegais continuam a ocorrer diariamente na Terra Indígena Yanomami (TIY), mesmo após um ano de ações de emergência para combater a crise humanitária vivida pelas populações indígenas locais. O diretor de Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, Humberto Freire de Barros, enfatizou que, apesar dos esforços, a entrada clandestina persiste, representando um papel crucial no apoio logístico para atividades ilegais, como o garimpo.
O controle do espaço aéreo sobre o território foi intensificado pela Força Aérea Brasileira (FAB) no ano anterior, mas relatos recentes indicam que a entrada de aviões ilegais não cessou. Não foram divulgados balanços mais amplos das operações, e há aproximadamente 40 pistas de pouso utilizadas para atividades ilícitas que ainda não foram desativadas.
O diretor da PF enfatizou a importância de um controle mais efetivo do espaço aéreo sobre o território, ressaltando a necessidade de ações contínuas para enfrentar essa ameaça persistente. Ele mencionou que a Operação Libertação, iniciada para combater o garimpo ilegal, continua em andamento, com avanços significativos, incluindo operações que resultaram em apreensões no valor de quase R$ 600 milhões.
Apesar de uma redução significativa na atividade garimpeira na TIY no primeiro semestre, relatórios indicam a persistência de alguns núcleos de exploração e o retorno de grupos de garimpeiros. O geógrafo e analista do Instituto Socioambiental (ISA) Estevão Senra observou que, embora muitos garimpeiros tenham deixado a região após as ações do governo, alguns voltaram no segundo semestre, evidenciando desafios no controle efetivo do território.
A construção de uma estrutura permanente na Terra Indígena Yanomami foi anunciada pelo governo federal, envolvendo diversos órgãos. Espera-se a construção de três novas bases logísticas na região.
A assistência à saúde indígena foi destacada, reconhecendo que a atuação federal evitou uma tragédia sem precedentes, mas líderes indígenas alertaram sobre áreas não assistidas devido à presença de garimpeiros. O governo federal respondeu afirmando que investiu mais de R$ 220 milhões para reestruturar o acesso à saúde dos indígenas na região.
Embora tenha havido uma ampliação do número de profissionais de saúde em atuação na TIY e reabertura de unidades básicas de saúde, alguns desafios persistem, especialmente em áreas controladas pelo garimpo. O líder indígena Júnior Hekurari Yanoami mencionou preocupações com a saúde de crianças e idosos em áreas onde a assistência não conseguiu chegar devido à presença contínua de garimpeiros.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, admitiu em transmissão nas redes sociais que a crise humanitária dos yanomami não será resolvida facilmente, apesar dos esforços do governo federal. O número de mortes indígenas em 2023 foi menor, mas ainda considerável, indicando desafios persistentes na região.