“A água está doente em toda a terra indígena yanomami”, relata o líder indígena Júnior Hekurari Yanomami, evidenciando a mais recente dificuldade enfrentada pelo seu povo: a escassez de água potável para consumo nas comunidades do oeste de Roraima e norte do Amazonas.
Júnior, o Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek’uana (Codisi-YY), revela que a contaminação por metais pesados provenientes da extração ilegal de ouro por garimpeiros é a causa da poluição dos corpos hídricos da terra yanomami. Ele destaca que, atualmente, a escassez de água potável é uma questão extremamente séria e preocupante para as comunidades indígenas.
“A água é o principal para a vida das comunidades. E não há água, como a gente vê, porque está toda contaminada. Não temos mais água, só lama. Estamos falando só em garantir alimentação, mas a gente precisa também de um sistema de água para as comunidades”, afirma.
O jovem Enenexi Yanomami, que precisou se deslocar para Boa Vista em busca de atendimento médico, também manifestou sua preocupação com a qualidade da água em sua comunidade: “Água suja contamina o peixe e torna-o impróprio para o consumo. As crianças estão muito debilitadas. Beber água suja causa dores abdominais insuportáveis”, relatou ele, demonstrando a gravidade da situação enfrentada pelos Yanomami.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou a relação entre desnutrição e consumo de água em condições impróprias em duas comunidades yanomami, no estado do Amazonas. Os pesquisadores estão buscando uma solução que ofereça água potável para essa população.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) informou que “técnicos estão analisando a melhor forma e tecnologia de armazenamento de água viáveis para a região. Ela deve ser eficiente para a realidade local e respeitar os saberes e costumes do povo yanomami”.
Ainda segundo a nota, o ministério informou que, desde o início das ações emergenciais de atendimento aos indígenas, tem agido para “eliminar as situações de insegurança hídrica e alimentar” da população e que já entregou quase 80 toneladas de mantimentos e medicamentos aos indígenas.
“O MDS, como estrutura do governo federal, trabalha em conjunto para que essa tragédia humanitária não se repita mais em nosso país. É dever do Estado acolher e viabilizar condições para que o povo yanomami possa ter condições dignas de existência e que sejam respeitadas sua terra e cultura”, acrescenta a nota.